segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Semifinal

Corintians 3 x 1 Sarney
com esse resultado passamos a semifinal, Gols DE  A manda Leite, Regiane, Alice,  agora estamos na final.
Corintians x União independente.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Futebol Feminino

    O início da prática do futebol feminino no Brasil começou com muitas dificuldades, porém algumas permanecem até os dias atuais. As mulheres sempre tiveram dificuldades em se impor quando o assunto trata de igualdade entre os gêneros, pois historicamente foram vistas como um ser frágil e dependente, com poucas oportunidades para provar o contrário.
    Sabe-se que as condições em que nos deparamos hoje, são frutos de muitos conflitos e mudanças que agregadas resultaram na questão da atual. E é exatamente isso que trataremos a seguir. A conquista de um espaço coloca a mulher em quase todos os esportes em igualdade, apenas respeitando as diferenças que existem entre os gêneros. Porém, por que no futebol é diferente?

O início do futebol feminino
    Apesar da influência significativa que o futebol tem na cultura brasileira, a figura da mulher se apresenta de forma tímida e oprimida, como comprova o Decreto-Lei 3.199 de 1941, vigente até 1975, que para as mulheres proibia a prática de futebol. Quando as mulheres resolveram "brigar" por igualdade e se agregarem ao futebol, este esporte já estava bem firmado pela sociedade machista e se encontrava em uma fase que o profissionalismo já havia sido aceito. Portanto, o futebol era visto como um esporte determinantemente masculino, "futebol é coisa para homem", devido à postura que os atletas deveriam assumir:
...o bom jogador de futebol jamais deve temer o adversário fisicamente, deve exercer seu "direito" de retaliação quando agredido fisicamente; não deve fraquejar diante de uma derrota (...), deve se fazer respeitar - ainda que pela presença física - pelo juiz. A violência é legitimada pela torcida, especialmente quando há iminência de gol, quando os adversários tentam levar a equipe por quem ela torce ao ridículo, pela secessão de dribles ( dando "olés"), quando tentam fazer "passar o tempo" ("cera") e quando há uma falta - ou sucessão de faltas - violenta, o que geraria o direito do atacado revidar (FLORES, 1982, in - BRUHNS, 2000).
    A história do futebol feminino, porém, mostra-se inversa à do masculino. Quando implantado, o futebol masculino pertenceu exclusivamente à elite ( Revista Nossa História, 2006, p. 50), devido os recursos financeiros que eram requisitados para a sua prática, por falta de materiais específicos entre outras causas. Mas com as mulheres ocorreu o oposto: o grupo feminino sempre pertenceu às classes desfavorecidas, como Bruhns coloca
(...) razão pela qual as atletas apresentarem comportamentos bastante parecidos com os de seus colegas homens, recebendo julgamentos como "falta de classe", "mal cheiro", "povo grosseiro" e outras denominações atribuídas àquela camada da população duplamente marginalizada (...) (BRUHNS, 2000).
    Para tanto as relações com os praticantes masculinos eram estabelecidas de forma tensa, pois as meninas apresentavam comportamentos repudiados pela elite, comportamentos marginalizados, como se não bastasse o fato de serem "pobres" eram, antes disso, mulheres. Por isso os atos grosseiros que apresentavam como o de cuspir no chão, dar pontapés, brigar, cheirar mal, etc., era visto como comportamentos de uma camada social que mora na periferia, tanto do ponto de vista social como político. Até mesmo pelas pessoas da mesma classe as atletas eram desqualificadas, vistas como marginais pertencentes a um mundo perigoso. Logo também foram adtivadas de "machorras", "paraíbas", etc. Mas é importante ressaltar que só agiam dessa forma para se sentirem aceitas dentro desse esporte (BRUHNS, 2000).
    Uma outra teoria que também explica esse grupo feminino ao fazermos uma análise comparativa com a obra "Mulher e Trabalho" (PEREIRA, 1971). A relação é feita levando em consideração que trabalhavam apenas as mulheres de classe muito inferior, pois estas precisavam ajudar no sustento da família atuando fora de casa. Para as mulheres da classe média para cima, não necessitavam trabalhar, e quando "trabalhavam", era apenas fazendo os serviços domésticos na própria casa, quando não apenas supervisionavam os serviçais.
    Como o status da mulher dependia muito disso - se ela trabalhava fora ou não - a mesma regra se aplicava à prática do futebol: se praticava, não era "madame"; se não era "madame", era pobre (BRUSCHINI, 2002).
    Um dos primeiros registros da atuação da mulher foi em 1921, entre as senhoritas tremembenses x senhoritas catarinenses. A partida foi anunciada no jornal A Gazeta como atração curiosa das festividades de São João. Pouco tempo depois o futebol feminino chegou a ser exibido em circos, como atrações de curiosidades (SUGIMOTO, 2003).
    Muitos outros fatos confirmaram esse preconceito em relação à mulher jogando futebol. Como o interesse feminino pela prática do esporte começava se intensificar justamente em um momento de transição do período higienista para o eugenista, houve uma grande preocupação em permitir a mulher na prática de atividades físicas. Quanto a preocupação eugenista, até era permitida e recomendada alguns esportes como o vôlei, a natação e o atletismo, entre outros, desde que não houvesse contato físico e apresentassem condições "higiênicas". Também as atividades deveriam favorecer e contribuir a função materna de gerar homens fortes que trouxessem um engrandecimento para a raça brasileira (SUGIMOTO, 2003).
    Voltando um pouco na história pode-se encontrar indícios de que a prática de esporte tinha domínio masculino, como comprova o Decreto-Lei 3.199, de 1941, vigente até 1975, que, em seu artigo 54, estabelece que "às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza". E, em 1965, o Conselho Nacional de Desportos delibera que as entidades desportivas devem seguir a seguinte norma em relação à prática esportiva das mulheres: "Não é permitida a prática de lutas de qualquer natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, pólo, halterofilismo e beisebol". Hoje, essas normas não têm validade, mas ainda há muito que mudar (BRUHNS, 2000).
    Como se não bastasse, jornais que apoiavam o jogo feminino começaram a ceder às posições dos médicos que condenavam a prática do futebol por mulheres, e, conseqüentemente, as reportagens começaram a aderir à posição dos médicos. O argumento utilizado era que tal esporte prejudicava os órgãos de reprodução, afirmando que era grande a possibilidade de trauma causado por uma bolada ou trombada, mas esquecendo-se que os homens também têm órgãos reprodutores que devem ser protegidos dos impactos.
Carta de um cidadão a Getúlio Vargas
[Venho] Solicitar a clarividente atenção de V. Ex. para que seja conjurada uma calamidade que está prestes a desabar em cima da juventude feminina do Brasil. Refiro-me, Snr. Presidente, ao movimento entusiasta que está empolgando centenas de moças, atraíndo-as para se transformarem em jogadoras de futebol sem se levar em conta que a mulher não poderá praticar esse esporte violento, sem afetar, seriamente, o equilíbrio fisiológico das suas funções orgânicas, devido à natureza que dispoz a ser mãe... Ao que dizem os jornais, no Rio, já estão formados, nada menos de dez quadros femininos. Em S. Paulo e Belo Horizonte também já estão constituindo-se outros. E, neste crescendo, dentro de um ano, é provável que, em todo o Brasil, estejam organizados uns 200 clubes femininos de futebol, ou seja: 200 núcleos destroçadores da saúde de 2.200 futuras mães que, além do mais, ficarão presas de uma mentalidade depressiva e propensa aos exibicionismos rudes e extravagantes
 (José Fuzeira, carta datada de 25/04/1940 In - SUGIMOTO, Luiz. Eva futebol clube, 2003).
    Esta carta mostra a preocupação de um cidadão, e foi como uma "premonição", pois poucas décadas depois, no início dos anos 80, 200 times aguardavam a liberação e oficialização do esporte no Brasil, pela CND, que teve que garantir que pretendia oficializar, pois já reconhecia que a prática já havia se tornado popular pelas mulheres (BRUHNS, 2000).

O futebol feminino na atualidade
    Hoje ainda não é possível afirmar que as dificuldades daquela época foram vencidas. Isto considerando que a sociedade ainda (mesmo que a idéia esteja começando a mudar) discrimina a mulher que mostra um interesse na prática (BRUHNS, 2000). Pode-se afirmar esse fato através de análises feitas no campo sociológico. Por exemplo, a sociedade em geral age dessa forma: quando uma criança nasce ela é condiciona desde cedo e de acordo com a configuração de seus órgãos sexuais, a agir de tal forma, ter certas preferências. Se for menino ganham carrinhos, armas e bonecos de super-heróis, enquanto meninas ganham bonecas e miniaturas de eletrodomésticos e utensílios (DAOLIO, 1997).
    Isso comprova que a cultura exerce influência tremenda na discussão, visto que existem fatores na atualidade provenientes dessa cultura. Como o fato de meninos terem, em sua maioria, um desempenho motor muito melhor comparando os gêneros no esporte (DAOLIO, 1997). Isso se dá pelo menino sair para brincar na rua, correr, soltar pipa, jogar bola, andar de carrinho de rolimã e etc, desde pequeno para não atrapalhar a mãe em casa. Em contrapartida as meninas devem ficar em casa, a fim de ser preservadas das brincadeiras de menino e ajudar as mães nos trabalhos domésticos, que lhes serão úteis futuramente quando se tornarem esposas e mães, o que deixa um ar de delicadeza em torno da menina. Ar que é quebrado quando ela tenta "invadir" um espaço masculino, de acordo com a maior parte da sociedade (PIORKOWSKY, 2005).
    A mulher no esporte em geral, é lembrada não por seu desempenho ou conquista, mas pela sua beleza e sexualidade frente ao que a mídia retrata, "o jogo bonito de se ver" não está relacionado as jogo em si, nem ao aspecto estético das belas jogadas, mas às pernas das jogadoras, às "sainhas e bermudas", enfim, associado a imagem veiculada e vendida pela indústria cultural, determinando padrão de beleza feminina, que confunde a estética do jogo com a estética do corpo ( BRUHNS, 2000).
    A profissionalização no Brasil é acentuadamente difícil, visto que não há uma entidade forte que organize o futebol feminino e também não há investimento público nem privado (SUGIMOTO, 2003). Nos EUA, o futebol é visto como esporte feminino, enquanto que em 1994 foi o vice-presidente quem entregou a Taça ao capitão da seleção brasileira, Dunga, e em 1996 foi o próprio Bill Clinton quem entregou a Taça pelo mesmo evento, porém feminino. O que não significa que a mulher é bem mais reconhecida lá do que é aqui nos esportes, frente que a mesma não tem vez no futebol americano e no beisebol, dois dos esportes mais difundidos nos EUA (SUGIMOTO, 2003).
    Enquanto não há um reconhecimento por parte da sociedade, algumas mulheres vão se envolvendo com o futebol por caminhos diferentes, sem necessariamente precisar ser atleta:
Campeonato Brasileiro de Futebol. A disputa era entre São Paulo e Guarani. Estádio lotado, jogadores a postos e torcida animada. Eis que entra em campo a equipe de arbitragem. Nesse momento, muitos não acreditavam no que viam. Outros estavam indignados. Alguns ficaram sem reação. O motivo dos diversos sentimentos era a trio de arbitragem, 100% feminino, composto por Sílvia Regina de Oliveira e as assistentes Ana Paula da Silva e Aline Lambert (...) (Revista Mulher e Carreira, agosto de 2004, p. 24).
    Essa fonte comprova que a mulher vem ganhando cada vez mais espaço no futebol, e que mesmo vítimas de muito preconceito, continuam firmes na luta pelo seu próprio reconhecimento no esporte.


Mascote


Corintians



Semifinal Futebol Feminino

Semifinal da Copa Natal de Futebol Feminino
Local: Bairro Soledade 2 
Horário: 15:00
Corintians x Sarney
vamos com confiança, acreditando em chegar em mais uma final.





quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Futebol feminino

Domingo dia 16 será realizada uma semifinal da copa Natal de  futebol feminino
Corintians x Sarney
Local; soledade 2 zona norte ás 15:00



quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O craque de todas as cores

  o ex-jogador da década de 60 e 70, mais conhecido como Burunga, se sentou na cadeira da sede do Bola Sete, campo de futebol que existe no bairro Nossa Senhora da Apresentação, zona norte de Natal. Ele mora vizinho, em uma casa sem grandes luxos, mas que dá para viver tranquilamente, segundo o mesmo.
 grandes lembranças estão vivas nos recortes de jornais antigos, que destacavam um dos maiores jogadores que passou por Alecrim, ABC e América, além do Campinense/PB. 

“Tenho tudo meu guardado aqui, matérias nos jornais, homenagens, algumas medalhas. Só não tenho mais as camisas dos times que defendi aqui em Natal. Ficaram com meus filhos”, revela Burunga.

Nascido em Campina Grande, foi lá que Severino Galdino nasceu, cresceu e se tornou jogador de futebol profissional.  Conquistou o tricampeonato paraibano, e veio para Natal, defender o ABC. Foi quando começou a conquistar títulos em profusão pelos clubes potiguares.

Mas, primeiro veio a derrota para o Alecrim no campeonato de 1964. Nos dois anos seguintes, foi campeão pelo Alvinegro. Não chegou na final de 67 e se transferiu para o Alviverde em 68, quando conquistou o título invicto pela equipe alecrinense, que, até hoje, está na memória dos torcedores. 

Sem clube
No início da década de 70, retornou ao ABC, para ser campeão mais uma vez. No final da temporada, deixou o clube e acertou com o rival América, sendo vice-campeão em 71, coincidentemente perdendo a final para o rival alvinegro. 

“Minha vida aqui em Natal foi pulando de um clube para o outro. Ia para o ABC, depois Alecrim, voltava para o ABC. Ainda disputei um campeonato no América. Vivia assim, sem clube fixo”, relembra.

Mas, as trocas de clube não eram por questões disciplinares ou algum tipo de má conduta ou comportamento. A questão, de acordo com ele, era única e simples financeira. “Naquela época, não tínhamos o dinheiro que se tem hoje. Os contratos eram assinados por radiolas, roupas, não tinha dinheiro. Então, a gente deixava o clube e acertava com outro apenas para poder receber alguma coisa. Abria mão do que tinha para receber no clube que deixamos, para poder ter alguma coisa no outro”, afirma Burunga, sem demonstrar nenhum tipo de mágoa com os antigos dirigentes.

Muito diferente de hoje em dia, que os jogadores, mesmo jovens, assinam contratos milionários, tem carros e um salário acima da realidade da grande maioria dos setores do Brasil. E um exemplo fica bem claro quando Burunga se relembra da época de jogador. De acordo com ele, os atletas não tinham tantas facilidades como tem hoje em dia, seja dentro ou fora de campo.

“Para ir aos treinos, os atletas iam de ônibus, a pé, de carona com dirigente, não tinha outra opção, já que nenhum tinha carro próprio. O primeiro jogador a ganhar um carro, no ABC, foi Alberi, que recebeu uma Brasília, naquela época. Hoje em dia, todo mundo tem carro zero. As coisas são mais fáceis, o campo é bom, os estádios são bons, a bola é boa e, mesmo assim, tem gente que não consegue mostrar qualidade dentro de campo. O futebol perdeu muita qualidade”, critica.
Hoje, aos 72 anos de idade, Burunga pouco acompanha o futebol. De acordo com ele, a qualidade do esporte, atualmente, caiu muito em relação a outras épocas


3-5-2


Carlos Gutemberg.

o professor Carlos Gutemberg depois do desfeito no América - RN , o técnico mostrou que além de ser corajoso, ele  continua alavancando sua carreira!
propostas de times do Sul, muitos amigos no mundo do futebol, com certeza ele vai fazer um bom trabalho por onde passar pois é uma pessoa além de cristão praticante, é também  uma pessoa honesta , isso eu posso afirmar, trabalhei com o Professor Carlos Gutemberg no Cruzeiro de Macaíba, também já conhecia desde da sua boa passagem pelo time do alecrim - RN.
BOA SORTE PROFESSOR BERG, DEUS ABENÇOE  CADA DIA DA SUA VIDA!

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Mulher também sabe  jogar Bola.
Treino de condução de boa, toque Bilateral.

Corintians 10 x 0 Natal

com 2 jogadoras a menos, mesmo assim conseguimos golear o time do Natal 10 x 0 , com 8 Gols de Amanda Leite agora artilheira da Competição.
jogos anteriores : Corintians 4 x  1 União 
Corintians 5 x 1 vila floresta





Futebol

Na trajetória de sua existência, o futebol tem sido ensinado, treinado e investigado, sob o olhar de diferentes perspectivas, as quais deixam perceber concepções diversas a propósito do conteúdo do jogo e das características que o ensino e o treino devem assumir, na procura da eficácia. , ciente de que não cabe mais explicar o esporte meramente pelo viés cartesiano.
Se a lógica positivista ditava as regras para o estabelecimento de metodologias (como a tecnicista) e atitudes, coadunando em uma didática rígida e marcada pela influência das correntes behavioristas, novas tendências em pedagogia do esporte surgiram.
"O conceito de modelo de jogo pode ser disseminado através de treinadores como Arsène Wenger, José Mourinho, Rafael Benítez, que ao falar sobre o que acreditam (em termos metodológicos) acabam criando referências", avalia o português. "Mas o mais importante é não ficarmos presos aos modismos, e sim sermos coerentes com o que acreditamos".
um treinamento excessivamente tecnicista em idades menores, começando-se a treinar sistemas, esquemas ou definindo posições precocemente, é um passo importante para a potencialidade de futuros craques.
Nesse contexto, o futebol de rua surge como um fator que permite a possibilidade de se desenvolver competências para jogar a partir do próprio jogo, "com variadas situações de imprevisibilidade e sem muitos controles, que hoje já não são tão comuns".

Treino no Campo do Jiquí aos Domingos ás 8:00 horas.




Treinos  da equipe feminina de futebol estão sendo realizados em dois locais, nas terças ás 15:00 horas na Caixa de areia ao lado  do Ginásio de Nova Parnamirim, e aos Domingos ás 8:00  no Campo do Jiquí


Alemanha já ensaia uma nova geração após o 7 a 1 imposto ao Brasil na Copa.

Alemanha já ensaia uma nova geração após o 7 a 1 imposto ao Brasil na Copa.
Terminado os 7 a 1 entre Alemanha e Brasil na Copa do Mundo, os cartolas decidiram se reunir e montar uma estratégia para os próximos 10 anos. Era fundamental pensar em uma renovação do grupo e reavaliar as estratégias para a próxima geração. Um plano para os 10 anos seguintes foi montado e uma parte substancial do orçamento da federação seria usado para erguer uma academia para criar uma nova geração de jogadores e treinadores.
O problema é que isso não aconteceu entre os dirigentes da CBF, que foram humilhados pelo resultado no Mundial. Quem colocou em prática uma renovação foi justamente a Alemanha, que deixou claro que não poderia se iludir nem com os 7 x 1 nem com a conquista da Copa de 2014. A meta era clara: se manter no topo do mundo por uma geração inteira e, em 10 anos, ser a maior nação do futebol mundial, com as mesmas cinco estrelas do Brasil.
A partir de janeiro de 2016, a Federação Alemã de Futebol vai investir 89 milhões de euros (R$ 335 milhões) na construção de uma academia na cidade de Frankfurt que, de forma ambiciosa, é chamada de o maior centro de reflexão sobre o futuro do futebol no mundo.
Descrita como “a catedral”, o local terá pelo menos cinco campos oficiais, dos quais dois estariam em locais cobertos. Além dos escritórios administrativos, o local será o epicentro do desenvolvimento do futebol alemão, com foco nos jovens. Projetos científicos sobre o jogo serão desenvolvidos em salas fechadas, assim como a preparação de novos treinadores.
Desde o ano 2000, a Alemanha já havia revolucionado o mundo do futebol ao adotar uma estratégia de longo prazo para formar novos craques. Estabeleceu a obrigatoriedade para que todos os clubes tenham escolinhas e, mesmo aqueles sem dinheiro, recebem recursos dos grandes times para montar as suas categorias de base. O resultado foi a criação de uma geração com Lahm, Thomas Muller, Schweinsteinger e dezenas de outros craques.
A federação, porém, não estava satisfeita. Além de difundir o jogo pelo país e enviar centenas de olheiros, a meta era a de criar um supercentro e um plano para tornar a Alemanha praticamente uma concorrente ao título em qualquer torneio que dispute. “Esse projeto é muito importante para o desenvolvimento de nossos talentos e para educar nossos treinadores”, indicou o diretor esportivo da federação, Hans-Dieter Flick. “Queremos reunir o nosso conhecimento sobre o futebol e desenvolver não apenas novos jogadores, mas novas ideias para que possamos nos manter competitivos por muitos anos”.
Nada ocorreu sem uma consulta popular. Para a construção ser aprovada, os cidadãos de Frankfurt foram consultados, já que a federação ganharia incentivos fiscais. Em junho, o projeto ganhou o sinal verde.
“Somos os campeões do mundo”, escreveu o treinador Joaquin Löw aos moradores da cidade alemã onde o centro será erguido. “Mas não devemos relaxar agora que atingimos nossa quarta estrela”, apontou. “Precisamos de condições ideais para continuar a jogar num nível elevado no futuro. Isso implica os times juvenis, de mulheres e a seleção principal, assim como a educação para treinadores”, escreveu. “A academia será onde vamos desenvolver nossos jovens jogadores e nossas ideias”, completou.
O presidente da federação também deixou claro que a ordem não é a de relaxar. “O ano de 2014 foi extraordinário. Mas ele não deve ser algo isolado. Não vamos ficar sonhando com as nossas conquistas e por isso temos um plano de dez anos”, declarou Wolfgang Niersbach. A meta é ambiciosa: conquistar em 2016 a Eurocopa na França, o pentacampeonato mundial na Rússia em 2018 e sediar, em casa, a Eurocopa de 2024.
BERÇÁRIO - Mas a federação já alertou que não vai esperar para que a academia abra suas portas para implementar a nova estratégia. Um manual distribuído nas escolas de todo o país revela a dimensão da estratégia alemã. No livreto, a meta é de que crianças a partir dos 3 anos de idade sejam introduzidas ao futebol nos jardins de infância.
Mas isso não ocorreria de qualquer forma ou apenas deixando uma bola com a garotada. Com metas bem estabelecidas, o manual traz até orientações de como fazer os meninos, que nem sequer sabem escrever ou falar direito, a jogar.
Pelo sistema criado, equipes de quatro meninos deveriam ser formadas e jogando entre si, sem goleiros. O gol deve ter dois metros, em um campo de 20 x 15 metros. O manual ainda sugere que as crianças de 3 a 6 anos de idade sejam levadas a jogos amistosos para começar a conhecer as “emoções” do estádio e que treinadores tenham um papel afetivo que vai além de ensinar a chutar.
Mas é a faixa etária entre 11 e 15 anos que deve receber a maior atenção da federação para que se identifique os novos craques. No total, a entidade e clubes terão mil treinadores pelo país para preparar essa nova geração e colocar em campo 14 mil garotos nessa fase pré-adolescente com chances de serem profissionais.
No centro da estratégia estão as escolas do sistema público alemão, que servem de laboratórios para esses jovens. Para isso, aprenderão técnica, mas também serão educados para ter “a vontade de vencer”, entender “conceitos táticos”, manter o aspecto lúdico do jogo e ainda reconhecer a “hierarquia e espírito de equipe”.
No total, a Alemanha quer avaliar em todas as faixas etárias até 18 anos mais de 600 mil crianças pelo país, na busca dos novos campeões do mundo. “Queremos deixar uma marca em toda uma geração”, completou Löw.
Mas além de ganhar campeonatos e chegar às finais de todos os torneios, o plano explícito dos dirigentes é a de não depender de ninguém para garantir o sucesso da seleção. Nem dentro nem fora de campo.
A geração de ouro do futebol alemão de Lahm e Muller, porém, corre um sério risco: a de que não haja nem sequer tempo para que as crianças memorizem os nomes de todos os titulares que venceram o Mundial de 2014, antes que uma nova geração ainda mais competitiva os force ao banco de reservas.