quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O craque de todas as cores

  o ex-jogador da década de 60 e 70, mais conhecido como Burunga, se sentou na cadeira da sede do Bola Sete, campo de futebol que existe no bairro Nossa Senhora da Apresentação, zona norte de Natal. Ele mora vizinho, em uma casa sem grandes luxos, mas que dá para viver tranquilamente, segundo o mesmo.
 grandes lembranças estão vivas nos recortes de jornais antigos, que destacavam um dos maiores jogadores que passou por Alecrim, ABC e América, além do Campinense/PB. 

“Tenho tudo meu guardado aqui, matérias nos jornais, homenagens, algumas medalhas. Só não tenho mais as camisas dos times que defendi aqui em Natal. Ficaram com meus filhos”, revela Burunga.

Nascido em Campina Grande, foi lá que Severino Galdino nasceu, cresceu e se tornou jogador de futebol profissional.  Conquistou o tricampeonato paraibano, e veio para Natal, defender o ABC. Foi quando começou a conquistar títulos em profusão pelos clubes potiguares.

Mas, primeiro veio a derrota para o Alecrim no campeonato de 1964. Nos dois anos seguintes, foi campeão pelo Alvinegro. Não chegou na final de 67 e se transferiu para o Alviverde em 68, quando conquistou o título invicto pela equipe alecrinense, que, até hoje, está na memória dos torcedores. 

Sem clube
No início da década de 70, retornou ao ABC, para ser campeão mais uma vez. No final da temporada, deixou o clube e acertou com o rival América, sendo vice-campeão em 71, coincidentemente perdendo a final para o rival alvinegro. 

“Minha vida aqui em Natal foi pulando de um clube para o outro. Ia para o ABC, depois Alecrim, voltava para o ABC. Ainda disputei um campeonato no América. Vivia assim, sem clube fixo”, relembra.

Mas, as trocas de clube não eram por questões disciplinares ou algum tipo de má conduta ou comportamento. A questão, de acordo com ele, era única e simples financeira. “Naquela época, não tínhamos o dinheiro que se tem hoje. Os contratos eram assinados por radiolas, roupas, não tinha dinheiro. Então, a gente deixava o clube e acertava com outro apenas para poder receber alguma coisa. Abria mão do que tinha para receber no clube que deixamos, para poder ter alguma coisa no outro”, afirma Burunga, sem demonstrar nenhum tipo de mágoa com os antigos dirigentes.

Muito diferente de hoje em dia, que os jogadores, mesmo jovens, assinam contratos milionários, tem carros e um salário acima da realidade da grande maioria dos setores do Brasil. E um exemplo fica bem claro quando Burunga se relembra da época de jogador. De acordo com ele, os atletas não tinham tantas facilidades como tem hoje em dia, seja dentro ou fora de campo.

“Para ir aos treinos, os atletas iam de ônibus, a pé, de carona com dirigente, não tinha outra opção, já que nenhum tinha carro próprio. O primeiro jogador a ganhar um carro, no ABC, foi Alberi, que recebeu uma Brasília, naquela época. Hoje em dia, todo mundo tem carro zero. As coisas são mais fáceis, o campo é bom, os estádios são bons, a bola é boa e, mesmo assim, tem gente que não consegue mostrar qualidade dentro de campo. O futebol perdeu muita qualidade”, critica.
Hoje, aos 72 anos de idade, Burunga pouco acompanha o futebol. De acordo com ele, a qualidade do esporte, atualmente, caiu muito em relação a outras épocas


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